Tempestades também passam

Fica quieto aí.

Não perturba o silêncio.

Não diga nada.

Não macule o ar

com tanta queixa

mesmo porque

não vai resolver.

Deixa que a tempestade

assole

arrancando pela raiz

o tronco secular.

Deixa que o temporal

arranque telhados;

ponha no chão

todas as estruturas.

(Tudo é só vaidade

mesmo

e um dia tudo acabará.

(Um dia tudo será só ruína.)

Aquieta-te

e deixa o vento,

a água densa,

os redemoinhos,

a fúria dos vendavais

arrasar teus canaviais,

teus celeiros, teus casebres,

choupanas, enxovias.

Aquieta-te.

A tempestade vem e vai.

Deixa o barulho

lá fora.

Cultiva a esperança

de que depois

tudo se ajeitará.

Borrascas! Turbilhões!

Tudo isso também passa.

Tânia Martins - cté 01.09.08