Dual

Mora em mim uma deusa

Majestosa , mira-se em espelhos

Invólucro da beleza , loquaz enlouquece e desalinha

Mora em mim um anjo

Que anuncia candente criatura

Uma fada que encanta ao som de fados ao amanhecer.

Mora em mim as quatro estações

Aprendiz de senões

Companheira da sorte

Consorte fiel até a morte.

Em mim , há tamanha fortaleza

Que faz arremesso das tristezas.

Em meu coração habita uma mulher certeza

Desafia o tempo e asolidão.

Paradoxalmente mora em mim um ser impuro

Diáfano, espalha trevas e incertezas.

Incondicional , às vezes em desuso mora o desejo vagabundo

De ser apenas mulher em meu submundo difuso.

Inquilino de mim , é o mistério, adormeço o feto da vaidade

Retenho o histórico desejo da Eva em comer a maçã do pecado.

Divido-me em bálsamos e sorrisos escancarados atrás da afiada navalha.

Também mora em mim , uma tal de TPM

Sangrando corpo e mente, denota todas as minhas dualidades

Divide-me em santa e impura

Em algoz e escrava.

Pecadora me redimo

Sedutora me insinuo

Mulher de amor e doçura

Mulher de lua , em todas suas fases

Mulher de amores profanos e afoitas paixões

Olhos ariscos e alagados na saudade, pura desilusão.

Essa mulher que verseja criando seus personagens

Habita nessa mulher que silencia o pranto e arregaça as mangas .

Essa imperfeita mulher

Frágil e forte, que chora e sofre

Serpenteia caminhos inexoravelmente ,

Levanta a poeira ,

Dá voltas sobre si mesma.

Fênix renasce das cinzas.

FATIMA MOTA
Enviado por FATIMA MOTA em 12/03/2009
Código do texto: T1483039
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