Dual
Mora em mim uma deusa
Majestosa , mira-se em espelhos
Invólucro da beleza , loquaz enlouquece e desalinha
Mora em mim um anjo
Que anuncia candente criatura
Uma fada que encanta ao som de fados ao amanhecer.
Mora em mim as quatro estações
Aprendiz de senões
Companheira da sorte
Consorte fiel até a morte.
Em mim , há tamanha fortaleza
Que faz arremesso das tristezas.
Em meu coração habita uma mulher certeza
Desafia o tempo e asolidão.
Paradoxalmente mora em mim um ser impuro
Diáfano, espalha trevas e incertezas.
Incondicional , às vezes em desuso mora o desejo vagabundo
De ser apenas mulher em meu submundo difuso.
Inquilino de mim , é o mistério, adormeço o feto da vaidade
Retenho o histórico desejo da Eva em comer a maçã do pecado.
Divido-me em bálsamos e sorrisos escancarados atrás da afiada navalha.
Também mora em mim , uma tal de TPM
Sangrando corpo e mente, denota todas as minhas dualidades
Divide-me em santa e impura
Em algoz e escrava.
Pecadora me redimo
Sedutora me insinuo
Mulher de amor e doçura
Mulher de lua , em todas suas fases
Mulher de amores profanos e afoitas paixões
Olhos ariscos e alagados na saudade, pura desilusão.
Essa mulher que verseja criando seus personagens
Habita nessa mulher que silencia o pranto e arregaça as mangas .
Essa imperfeita mulher
Frágil e forte, que chora e sofre
Serpenteia caminhos inexoravelmente ,
Levanta a poeira ,
Dá voltas sobre si mesma.
Fênix renasce das cinzas.