Sem Razão, Sem Porquê
Se chorar esta noite,
Nunca saberão sobre meu pranto...
Se soluçar,
Meu soluço será um detalhe...
Se houver um espelho,
Nunca haverá um reflexo,
Mas um esboço sem formas de ser...
Encolhido a um canto sem razão,
Sem porquê...
Se enrouquecer,
Minha rouquidão será um detalhe...
Se houver um crepúsculo,
Nunca poderei fugir...
Mas definharei
Até verdadeiramente desaparecer
Encolhido a um canto sem razão,
Sem porquê...
Se me desesperar esta noite,
Nunca entenderão meu desespero...
Ainda que vier a morrer,
Minha morte será um detalhe...
Que não reste um sopro de vida,
Que nada pareça ter algum sentido,
Que se torne apenas um sonho,
O amanhecer...
Que nunca mais veja as cores do mundo
Ou o brilho do sol,
Que repouse em um sono infinito e profundo...
Até verdadeiramente desaparecer
Encolhido a um canto sem razão,
Sem porquê...