Soterrar

O estado natural das coisas

é sempre questionável.

A gente sempre acha

o rio largo demais

quando nossos braços não atingem a força

que nos leve ao outro lado.

E somos assim,

arremessados

contra a extensão dos muros brutos

que não param nunca de ostentar

sua potência ante aos que colidem

e se repartem .

...

Nossa vida,

moinho de pedra,

ciclo sem fim de dias em que se morre mais do que se respira.

Existência doída

de solavancos tantos,

de impossíveis amores.

Dias em que depois de jogar tanta areia

sobre aquilo que tange,

os soterrados somos nós.

Não pode ser inquestionável

essa balança descalibrada

que rege

o tal estado natural daquilo que nos é imposto

a ferro e fogo.

Como um sopapo que não pára de nos

ferir o rosto

e açoitar a alma

Talita Fernanda Sereia
Enviado por Talita Fernanda Sereia em 01/02/2009
Reeditado em 11/07/2012
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