Soterrar
O estado natural das coisas
é sempre questionável.
A gente sempre acha
o rio largo demais
quando nossos braços não atingem a força
que nos leve ao outro lado.
E somos assim,
arremessados
contra a extensão dos muros brutos
que não param nunca de ostentar
sua potência ante aos que colidem
e se repartem .
...
Nossa vida,
moinho de pedra,
ciclo sem fim de dias em que se morre mais do que se respira.
Existência doída
de solavancos tantos,
de impossíveis amores.
Dias em que depois de jogar tanta areia
sobre aquilo que tange,
os soterrados somos nós.
Não pode ser inquestionável
essa balança descalibrada
que rege
o tal estado natural daquilo que nos é imposto
a ferro e fogo.
Como um sopapo que não pára de nos
ferir o rosto
e açoitar a alma