imagem/Fayga Ostrower/Xilogravura s/papel de arroz


     DAS PALAVRAS E MEIAS


      Quando a cadeira fala com a mesa
      e a toalha branca com meus sonhos brinca
      as suas flores bordadas revoam
      meus travesseiros alados.
      Queria revoar a tinturaria das palavras
      com essas minhas taturanas vazadas
      queria soletrar borboletas
      porque a palavra antes de Ser 
      é mais que letra
      é som de pedra lavrada
      som de  estirado barranco 
      som queimado de capim seco
      na língua molhada do  amado
      é respingo de aresta na fresta azul
      da  enrugada testa
      é entalhe de suor sobre a sua cansada pedra
     a palavra antes de verder é revoada
     que aqui no peito bate ameiada desse jeito
     É tua sempre a meação dessa revoação 
     da  minha perdida palavra!



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