Férias

É como o sol
nasceu para beneficiar
mas poucos estão no rol
dos que dela podem desfrutar.
Faço parte da minoria
que mesmo sofrida
aprendeu a se calar
acreditando que reclamar
é pura ingratidão
de quem não tem coração
e não aceita sua condição
nem as escolhas que faz.
Deve para os lados olhar
ver que tem muito a dar
pois tem saúde para buscar
um teto para morar
e um trabalho para zelar.
Longe de mim pensar
em não valorizar
toda essa condição
mas neste verão
eu queria mais.
Numa praia estar
muita onda furar
me esbaldar, sem a preocupação
com o dinheiro que iria gastar
num simples jantar.
Na verdade estou de saco cheio
de dar duro o ano inteiro
ser educada e gentil
com pessoas que não escolhi
nem quero ficar por perto
pelo menos nesse momento
que além da agonia
me sinto sufocada
nó na garganta, um grande aperto
com vontade de chorar.
Tá na minha cara, no meu olhar
um ar de melancolia
que se instalou e quer ficar.
Preciso dançar
me sacudir, balançar
mas falta coragem para ousar
uma culpa ique me impede de vibrar
nem deixa proporcionar
uma mudança de lugar, de ar.
Talvez precise férias de mim
abandonar os pensamentos ruins
me obrigar a dizer sim
a tudo que me faz bem
dar adeus às correntes que me atam
às más escolhas que fiz
me permitir o recomeço
ser inteira, ser feliz.

Naiara Barbedo
Enviado por Naiara Barbedo em 22/01/2009
Reeditado em 24/03/2009
Código do texto: T1399233
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