Fuga
Fuga.
Na parede, uns versos antigos,
O quadro de tantas gerações
Protege o silêncio do branco.
Olho a mesa, cadeiras, toalha de linho,
Tudo inerte, intacto, equilíbrio.
Fecho a porta devagar, nada comigo,
Fecho a vida devagar, nada comigo,
Desço as escadas longas, como o destino,
Na rua perfil de temporal, vento e nuvens.
O céu fecha mais depressa que as pessoas,
O céu fecha depressa, nada comigo.
O céu fecha, nada comigo.
As portas, e o céu, nada comigo.
As portas do céu fecham...
As portas do céu...
As portas
O céu
Nunca foi abrigo.
Tonho França.