Fuga

Fuga.

Na parede, uns versos antigos,

O quadro de tantas gerações

Protege o silêncio do branco.

Olho a mesa, cadeiras, toalha de linho,

Tudo inerte, intacto, equilíbrio.

Fecho a porta devagar, nada comigo,

Fecho a vida devagar, nada comigo,

Desço as escadas longas, como o destino,

Na rua perfil de temporal, vento e nuvens.

O céu fecha mais depressa que as pessoas,

O céu fecha depressa, nada comigo.

O céu fecha, nada comigo.

As portas, e o céu, nada comigo.

As portas do céu fecham...

As portas do céu...

As portas

O céu

Nunca foi abrigo.

Tonho França.

Tonho França
Enviado por Tonho França em 15/04/2006
Código do texto: T139731