Quando eu morrer . . .
Quando eu morrer, meu amor,
Orna-me o corpo velho e cansado com muitas rosas:
Rosas vermelhas, brancas, amarelas;
Muitos lírios, muitos girassóis.
Em vida, não os ganhei,
Quero, pois, tê-los como veste.
Não chores por mim, meu amor,
Não quero saber de lágrimas:
Derramei-as amargas e foram tantas que formaram
Um mar-morto, morto de tão salgado,
Morto e turvo de tantas mágoas.
Joga, meu amor, as cinzas do que restou de mim
À beira-mar, ao crepúsculo;
Lê uma poesia de Fernando Pessoa e
Canta "Leãozinho" de Caetano Veloso.
Procura lembrar, meu amor,
Que estarei bem e que levarei comigo
Lembranças agradáveis de teu sorriso, de tua ternura, de teu carinho.
Quando quiseres lembrar de mim, meu amor,
Vai à praia, caminha em silêncio,
Ouve a canção das ondas beijando a areia branca,
Senta diante do mar,
Ergue teus olhos para a imensidão marinha e
Finges que me ouves.
Oliveira