O Pedreiro
Penso no olhar velho do meu pai
e desenho uma rua.
Removo a pedra, o pó e o rio.
Deito a chuva na sombra
com as pequenas ervas.
Ao meio-dia
espremo da testa o sol
Dou à pedra a força,
à flor o meu grito
e ao semblante o horizonte.
O apito e o arroto
leva o farrapo branco à boca.
A pensar no olhar velho do meu pai
Cuspo as mãos, esfrego a ferramenta
e bato o metal na terra.
Numa berma assobia a morte
Na outra canta a vida.
A pensar no olhar velho do meu pai
Desenho o seu destino.
Ana Mª Costa