É tarde

Logo agora, você vem!

Como se aqui sempre estivesse

e enquanto ausente possuísse

as escrituras do meu templo.

Como se ainda houvesse tempo

e reclamar fosse direito.

Ignorando o tal desfeito,

o que se fez, o que se paga.

Nem te ocorrera tanta chaga

e o sangue nobre derramado,

o sonho já des'acordado

despertando e indo à luta?

Agora é tarde e a labuta

não lhe cobre o que se deve -

a minha chama; a sua neve;

o nosso tempo de a(s)cender.

Já não sou mais de entender

e se hoje tendo não ser senda,

compreenda: não sou lenda

nem tampouco irei de ser.

Hoje, sou mais me precaver

de toda festa ilusória.

Sou com "H", sou sem estória,

sem memória e sem "dever".