ALMA CIGANA
ALMA CIGANA
É SOLTA
Canta
Avança
sobre estradões empoeiradas
sob corpos
o desejo selvagem
no perfume exótico
sou livre
sou solta
rodopio
vôo sobre o campo molhado de sereno
sem apegos
sem descrenças
dança
rodopio
no canto e som do cavaquinho afinado e cheio do amor místico
sou assim sem alento, e perdida na paixão,
feito flor do campo á desabrochar
feito lírios exalando perfume ao beija-flor
catando néctar
sou assim feito passarinho que bica a plantinha úmida
sou canto
desfolhados no vento
murmuro "toadas e modas sertanejas"
sou braços estendidos catando mendigos
fazendo poemas
sem alento...
canto velhas cantigas de ninar
sou poemas despetalados
feito em orações na solidão de um coração
sou assim mística
danço
percorro estradões,querendo desvendar mistérios
das mãos alheias e aflitas
lendo a sorte
resgatando oração
virando montanhas
iluminando noites desertas
abrindo estradas
desfolhando acenos de mãos
fazendo despedidas
promovendo encontros
amenizando almas
domando feras
secando lágrimas e colhendo frutos
sou assim sem luxo
cheia de cores, fortes e transparentes
das saias longas arrastadas ao chão nu
em lenços que despacha acenos...
vou pousar
assim num terreno distante
catando almas
invadindo flores vermelhas,fazendo diademas na cabeça cigana
viajando...mudanças...aprendiz!
e nessas mudanças constantes, eu sou o colorido da roupas, os trotes dos cavalos assanhados... Sou cheia de vida, entre tachos de puro ouro.
sou assim
leve e solta
como a alma nômade, que necessita de estradas, sol e cor!
Bárbara Pérez