ALMA CIGANA

ALMA CIGANA

É SOLTA

Canta

Avança

sobre estradões empoeiradas

sob corpos

o desejo selvagem

no perfume exótico

sou livre

sou solta

rodopio

vôo sobre o campo molhado de sereno

sem apegos

sem descrenças

dança

rodopio

no canto e som do cavaquinho afinado e cheio do amor místico

sou assim sem alento, e perdida na paixão,

feito flor do campo á desabrochar

feito lírios exalando perfume ao beija-flor

catando néctar

sou assim feito passarinho que bica a plantinha úmida

sou canto

desfolhados no vento

murmuro "toadas e modas sertanejas"

sou braços estendidos catando mendigos

fazendo poemas

sem alento...

canto velhas cantigas de ninar

sou poemas despetalados

feito em orações na solidão de um coração

sou assim mística

danço

percorro estradões,querendo desvendar mistérios

das mãos alheias e aflitas

lendo a sorte

resgatando oração

virando montanhas

iluminando noites desertas

abrindo estradas

desfolhando acenos de mãos

fazendo despedidas

promovendo encontros

amenizando almas

domando feras

secando lágrimas e colhendo frutos

sou assim sem luxo

cheia de cores, fortes e transparentes

das saias longas arrastadas ao chão nu

em lenços que despacha acenos...

vou pousar

assim num terreno distante

catando almas

invadindo flores vermelhas,fazendo diademas na cabeça cigana

viajando...mudanças...aprendiz!

e nessas mudanças constantes, eu sou o colorido da roupas, os trotes dos cavalos assanhados... Sou cheia de vida, entre tachos de puro ouro.

sou assim

leve e solta

como a alma nômade, que necessita de estradas, sol e cor!

Bárbara Pérez

BARBARA ALMA CIGANA
Enviado por BARBARA ALMA CIGANA em 09/01/2009
Código do texto: T1375469
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