Saindo de mim.
Saindo de mim...
Nas sacadas, nos beirais dos sobrados,
Na inércia do destino
Em muros pichados,
Nos arranha-céus embolorados,
Nas lágrimas que guardo destilada,
Protegidas pela sombra do caminho.
Nas placas apontando as direções erradas,
Pela dor da coroa de espinho,
Pela doses exatas, baratas,
No cálice onde bebo só
A penitência de cada dia.
Nada me entorpece, nem alivia,
A engrenagem mói os homens,
Na sua essência o sagrado e a fantasia,
Amanhã estaremos iguais,
Mudos, calados, sem qualquer poesia...
Nas sacadas, nos beirais dos sobrados,
Nos arranha-céus embolorados.
Esquecidos, a espera do nascer do dia.
Tonho França