SEMENTE DE VIDA
A terra esta pronta pro arado
Que o cavalo alazão paciente puxa
Sulcando o solo que fica a espera
Da chegada da semente.
Mãos rudes, de grandes calos
Dedilham os grãos como se fossem
Contas dos terços recitados...
E a alma espera... silenciosa... calada...
... o sol amanhecido no horizonte,
amarelado... tênue de compaixão
preanuncia a chuva da fertilidade.
E a água cai tão de mansinho
Que embala a criança chorosa
Em um doce sono de outono,
E a nona ampara dengosa
Como se fossem raros de porcelanas,
Os devaneios queridos do nono.
A noite agoniza... alarga o dia,
E da semente que morta era
Nova vida brota, que alegria...
As mãos calosas agora postas
Em preces agradecidas
Exclamam envaidecidas:
“Senhor!
Quisera a ventura de colher
Os frutos de minha horta.
Mas que me importa
Se eles apenas saciarem
Os frutos de minh´alma?”