Recusa
Recuso a crer:
Que o sonho acabou
Que o amor se acomodou
Que a solidão faz pouso
Onde a alegria habitou.
Recuso a ver:
A tristeza chegando
A violência se esgueirando
A incompreensão se instalando
No coração das pessoas.
Recuso a entender:
Que a paixão mata
A relação desgasta
A visão falha
E o olho apenas retrata.
Recuso a morrer:
Sem ter vivido a fantasia
Sem colocar ungüento na ferida
Sem ter aberto portas e janelas
Sem esse desejo latente de ser feliz.
Recuso-me ao fatalismo
Ao banalismo
Recuso-me a todos os ismos
Que estereotipam o ser humano
E criam tantas recusas.