Recusa

Recuso a crer:

Que o sonho acabou

Que o amor se acomodou

Que a solidão faz pouso

Onde a alegria habitou.

Recuso a ver:

A tristeza chegando

A violência se esgueirando

A incompreensão se instalando

No coração das pessoas.

Recuso a entender:

Que a paixão mata

A relação desgasta

A visão falha

E o olho apenas retrata.

Recuso a morrer:

Sem ter vivido a fantasia

Sem colocar ungüento na ferida

Sem ter aberto portas e janelas

Sem esse desejo latente de ser feliz.

Recuso-me ao fatalismo

Ao banalismo

Recuso-me a todos os ismos

Que estereotipam o ser humano

E criam tantas recusas.

FATIMA MOTA
Enviado por FATIMA MOTA em 03/01/2009
Código do texto: T1365832
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