Tábua da solidão
Sou o passado que não passa
Sou a alegria que não chega
Sou o dia que voa,
E a noite que se prolonga
Sou o canto da araponga
Que soa ao amanhecer
Sou o poeta
Que não sabe escrever
Sou o ano que passa
O novo que chega
O sorriso no rosto
Da criança, pelo presente
Mesmo que distante
Sou o som que ecoa
A voz que brame
Mais ainda assim sou o amor
Que viaja léguas
Num traço de régua
Escrevendo o sonho
Do que nunca aconteceu
Nem viveu
Enfim sou ou não sou
O poeta que escreve
As palavras na tabua da solidão
Ledemir Bertagnoli