Sentimento e dúvida

A esperança parece distante

Nas costas do comprimento

Aqui fico escorrendo lamento

Sem pressa nem sonhos

Alimento o desejo

De encontrar o carinho

Que ali deixei

Aqui me emocionei

Calado no meu lado.

Fadigar o pensamento

No olhar de desapontamento

Não me parece boa coisa

Parece-me uma fuga

Correr sem olhar para trás

Viver sem saber o que encontraras

Não nego a vontade

Não sonego interesse

Sobrevivo do que resta.

Inclinado a procurar o caminho

Saio de casa sem destino algum

Vou para entender o que meus olhos,

Além da minha capacidade,

Não pode alcançar o foco

Que hoje intriga minha competência

Minha falência de pensar

De agregar o valor que onera a cada dia

Na estadia do corpo

Que trafega o ambíguo momento.

O que posso dizer?

Só pensar não vale,

Só agir não penetra a expectativa

E adquirir o flagelo

Nem com isso meu coração despedaça,

Firme como uma pedra

Espera o tempo dar uma retaguarda

Para flutuar na imensidão

Com os delírios de um homem são

E a fortaleza de um solitário a cavalgar.

Nada me resta a não ser pensar

Orquestrar para o vento

Em busca do som perfeito

No alicerce da noite

Em busca do melhor pensamento

Digo a emoção quem sou eu

E a satisfação se encarrega do resto

Que trabalho é esse?

Tanto pensar que minha idéia soa

Tanto amar que meu coração chora.

Felicidade, aí vou eu!

Vou te pegar pela mão

Buscar sua essência

E dissolver a reação na minha inteligência

Para sobrecarregar meu ideal

Por assim falar

Somos sombras dos gostos sólidos

E das vontades sem sentido

Por ser sempre semeadores das necessidades

Assim calo-me no desalento

E quando dormir esqueço-me de tudo.

A distância que nos separa

É um sim ou um não

É um pedaço de papel

Algumas rimas

Sentido na aglomeração

E logo mais temos uma melodia

No patamar de uma canção

É disso que trato esses versos

É do desejo de ir além.

O além nunca entra na nossa mente

A serpente do hoje

Engole nosso desespero

E o cheiro que exala a narina

Só pode ser coisa ruim

Fedor, eu suponho,

Nada mais poderia ser

No inflamado dia

O mau cheiro é a exatidão.

Desfalecido com tanta intranqüilidade

Amadurecido com o sofrimento

A sorte me deixa a ver navios

Se nem mar aqui tem

Como posso enxergar tal imensidão?

Um monte de ferro alojado

Produzido para flutuar nos mares,

Por sua vez,

Estreito minha ideologia

Para arranhar qualquer sentimento.

Os meus lábios gelam

Mesmo no calor árduo

Mesmo na vida difícil que percorremos

O gelo que percorre a minha boca

É a sutil verdade que encaro

É a realidade que não me surpreende

É o agora que seduz a hora

Sem o sim não tem continuação

Só a dor pede o não

Mesmo nos tempos de Adão.

Se eu ligo a TV

Parece que estou vendo

Uma criação de suínos

Uma porcaria em geral

Política com corrupção

Dinheiro na cueca ou no calção

E nossa vida caindo

Prestes a ir para os sete palmos

Sem nada a brigar

Aceitamos sem nada falar.

A dúvida é quem é o culpado?

Ninguém pode ser crucificado

Alguém tem que pagar o pato

Quem é?

Quem foi?

Quantos são?

Ninguém diz nada

E aqui fico solitário

Contando minha história

Esperando a verdade que da mídia não sai

Pobre expectador sem destino.

O hino da luta é a paz

O clamor do agora é mudar

Se não sei o que é isso

Como posso dialogar?

Inflamando a população

Sentindo na pele e fechando a boca,

Pois quem fala muito

A formiga nasce da entranha

No calcanhar da língua.

É difícil viver

É difícil morrer

No calar da noite

É a esfera da paixão

Quem sente algo nesse tempo?

Quem tem amor

No sofrer em demasia?

Sede de dúvida

Na solúvel camuflagem do desonesto.

Aqui vem minha voz

Com a obediência de um louco

De um sem teto

Alguém que sofre

Que sente a dor na pobreza

E a realeza do ladrão

Não o que busca o pão

Falo daquele que faz parte do mensalão

E outros mais

Tantos outros que desonram a humildade alheia.

Chego a ficar de joelhos

Espero a fé entrar no meu ser,

Mas espere aí!

Ficar aqui e só pedir?

Será que é essa minha tarefa?

Vou mais além

Levanto-me do nado

E escondo no chão

O que minha dor explode

Na dívida do ingrato.

Salve, salve,

É assim que brinco diante do desgosto

Se mergulhar na fossa

Vou feder igualmente

Vou escorrer os pedaços de excrementos

Por chegar perto da escória

Mas se essa não é minha hora

Aqui ficarei e instigarei meu ego

Para ir além dos meus prodígios

Arranhar o lalau.

Findo aqui minha súplica

Termino aqui minha revolta

Uma declinável vontade de mudar

Sair do desespero

E encantar com a inovação

Não acaba meu refrão,

Apenas este tema que se esgotou

E me levou a ficar bravo

Sentindo nojo de mim

Por votar na sujeira

E ser jogado na lixeira meses depois.

É hora de empolgar

Risos devem fazer parte desse altar

Se a espada de um homem é seu leme

Assim espere ser maior

Se o suor é de trabalho

Trafego na dúvida de soletrador,

Sonetos de alivio

Ou regozijos de amor

A espera de uma mente sã.

Gargalhadas envolva minha vida

Tira a ferida que aqui ficou

Fica a cicatriz

Que o golpe furou

De onde tira lamento

Também se tira pensamento

O arranhar do semeador

No terreno infértil

Ganha vida com a cultura imprópria.

Me refiro das oportunidades

Agir de encontro com a vontade

Seguir sem temer o desespero

Falar sem tremer os lábios

Tudo muito grosseiro

Uma saúde a adoecer

Afirma o amigo

Quando ler o meu verso

Devo ter me ferido na vida

Para assumir esse papel de escritor.

Falo mais um pouco

É a sensação de alegrar uma nação

De criar o que nunca pensaram

De agir sem detalhes pensados

Só o agora vale

Só o novo é flexível

Entendo como maleável

Toda a dor que se transforma em vida

E a fome que deu?

Alimento o corpo e a falta some.

Se tudo fosse para sempre

Sempre queria estar aqui

Agir de encontro ao meu principio

Não sou dono da verdade

Ninguém é

Apenas seguimos de encontro

De passadas largas

Na esquina dos acontecimentos

Pedimos o troco da ignorância

Que a infância nos deixou de legado.

Então sou culpado de existir?

Sou formado de erros

Sou um caro sem guia

Espero o sol entrar na janela

E desolado na minha imensidão

Sinto a vitamina quarar minha força

E dela se faço no dia

Almoço por se tratar de uma iguaria

Não sinto fome da não inspiração

Faço desse instante uma emoção.

Os pensadores sofrem

Sofrem por esquecer demais

Sofrem por pensar demais

A ilusão deve equilibrar as fabulas

A melancolia serve de alento

No bel prazer do coração

Espere um instante!

Amar é sentir

Na dádiva sagrada.

Em vários momentos os assuntos mudam

As sementes dão vida

São emergidas do berço

O inicio toma a consagração do mais belo

Se é lindo sentir

Então corro atrás da beleza

Não olho para realeza

Simplesmente fico e me encanto

Um pouco de dó me alerta.

Como é bom transformar

Sentir na veia

O que antes nada tinha

Entender que tudo é possível

De dentro nada saí

Apenas se transforma

Na criação da atitude

Duas curvas são o começo

A nova estrada ta aceita

O meu eu ta alerta.

Findo a rir de mim mesmo

Se não for assim

Como posso ser feliz?

Estou à procura desse caminho

Se não é o meu ninho

É por que ali estará minha estrada

Sem culpa a pagar

Coloco na mão molhada

O mapa da oportunidade

Só eu e a dignidade.

Força do interior

Sinto a energia que me encanta

Sinto essa necessidade que me invade

Sem isso não sou nada

Não sou ninguém

Aqui na dúvida do leitor

Sinto como se não entrasse na porta

Olha apenas pela fechadura

Na espessura do foco

Sinto o começo.

Abro os braços

Sinto o calor

E te chamo para fazer parte

Dessa estrada de ilusão

Se quiser que seja verdade

Entre no meu coração

Veja as batidas

Sinta o sufoco de te encarar

E alimenta meu desejo

De ser vitima do coração

Sentimento e devoção.

ZUKER
Enviado por ZUKER em 19/12/2008
Código do texto: T1344073
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