SEDUÇÃO
Primeiro; foi com o olhar.
Aquele que diz:
- te achei!
Em seguida; os poucos metros que nos separavam,
Foi a caminhada mais longa e emocionante que já admirei.
- to indo!
E veio; chegou perto demais e parou:
- to aqui!
Hipnotizado pela investida, não reagia externamente.
Por dentro; violinos tocavam, vozes entoavam hinos,
Folhas caiam formando um tapete dourado,
E nuvens dançavam ao sabor da brisa.
Respiração suspensa no ar,
Descompassava o ritmo do coração.
Milhões de imagens surgiam do nada,
Rostos, formas difusas,
Completavam o cenário aturdido dentro de mim.
Sedução; isto é sedução.
À mercê; tocaiado; indefeso, subjugado.
Não reagia; um só movimento quebraria o encanto.
E onde encontrar forças pra isso?
Nem me sentia preso ao solo.
Levitava, planava como a mais leve pluma.
E ao mesmo tempo tão inerte.
A boca semi-aberta delatava o espanto,
Os olhos necessitavam de movimentos,
O sangue de oxigenação urgente,
A alma, de um resgate.
Foram segundos? Não, não foi.
Não tinha como contar o tempo.
Saí dessa dimensão, desse parâmetro terrestre.
Ultrapassei limites dantescos,
Fui e voltei,
Pra onde e de onde, não sei.
Aqueles olhos me vasculhavam, me percorriam, me encantavam.
Foi sedução, seduzido,
Abstraído das minhas certezas.
E n c a n t a d o !
Di Camargo, 18/12/2008