Ao Mestre Obedecer

Pequeno inseto dentro de mim

Zumbes forte aos meus órgãos todos

Diz-me o tempo todo o que fazer

Com autoridade, me gritas, me ordenas

A tudo o que eu não logro obter

Não sei se quero, mas é o que me dizes

E tenho de fazer, preciso obedecer

Te satisfazes com minha frustração

Só assim posso entender...

Tua meta é o fracasso

Manda teu servo aonde ele não pode ir

Teu vassalo não tem mais poder sobre seu reino

Argumento...

Logo antes mais um rodada de açoites

Sei que mereço a punição

Senão pela incompetência, pela insistência

Em tentar o que não se pode, não se tem, não se mete

Gordo inseto dentro de mim

Zumbes indolente do trono em que não mais cabe

Gargalha-me o tempo todo o que fazer

Com displicência, me apontas, me comandas

A tudo o que eu dou a cara à parede bater

Não importa se quero, mas é o que me ri

E tenho claro a fazer, careço obedecer

Te divertes com minha mecânica vã

Só assim posso conceber

Teu objetivo é o nada

Ordena teu servo a fazer o inútil

És o monarca que vive apenas de tributos

Num reino grande, mas estéril

Condenado à decadência e às invasões

Bárbaros às suas portas... escancaradas

Sabes que não vais durar

Te lembro...

E espero mais uma fustigação

Que eu mereço, sei muito bem

Apaixonante inseto dentro de mim

Zumbes irresistível diante dos meus sentidos

Vidra-os todos à sua irremediável picada, que fazer?

Com firmeza, me repetes, me lembras

De tudo o que mereço rever sem poder ter

De tudo o que tenho de saber sem intervir poder

É claro que quero, e preciso te entreter

Te engrandece, inseto, quando do meu castigo

Ao meu longo e divertido perecer