Estátuas

A velha mendiga velha,

Pousada no canto da rua,

Parece uma estátua feia e sem graça

Que ninguém percebe a existência,

Mas pela qual o mundo passa.

Parece uma estátua cemiterial,

Com cara triste de tragédia grega,

Simples, o fuscada e discreta.

De tristeza tão sincera

Que nem engana o carnaval.

É, pelo menos, melhor

Que a estátua, da praça, pichada,

E mais sortuda que a de Drummond

(da praia de Copacabana)

Que não escapou, foi assaltada.

Não é estátua-viva

(E nem por isso é morta),

Antes fosse, que às vivas

O povo joga dinheiro.

Vai simplesmente passando

Ignorada o dia inteiro.

Tudo estaria perfeito

Se fosse somente uma estátua

Das muitas que o tempo consome.

Mas a perfeição vai embora,

Que esta estátua não é de pedra,

É doente, suja e tem fome.

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Lalo Oliveira
Enviado por Lalo Oliveira em 04/12/2008
Código do texto: T1318978
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