Sujeito e poesia
O poeta tem a própria licença para escrever...
Se não escreve não tem a licença que o faz poeta...
Ninguém saberá decifrar esse silêncio onde o poeta não existe...
O poeta mesmo não existe, mesmo quando faz algazarra...
O que existe nem são as palavras...
Nada existe além do desejo de existir enquanto alguma coisa...
Alguma coisa que seja dita...
Alguma coisa da qual se diz...
Nesse misto entre sujeitos e predicados nasce a poesia...
Aquilo que não é uma coisa, nem é palavra...
Não é o próprio sujeito, nem são os predicados do qual é capaz...
Estar desconectado é fazer a poesia falar, mas estar desconectado é uma forma de se conectar...
Eis o paradoxo de onde nasce a poesia...
Deixemos de lado nossa estranha forma de existir:
a de desejar sempre, julgar sempre, duvidar sempre, ter certeza sempre, querer viver para sempre, e jamais saber se tudo isso acontece para além do virtual.