ANATOMIA
De cara na cara perdi minha cabeça.
Meu esôfago ainda exalava o cheiro das chananas!
E meu nariz espirrava... Sem atchim!
Meu coração só fazia bater... Só isso!
Jogava sangue para cima e para e para baixo.
Para que sangue se os rins nada filtram?
O fígado, já da cirrose dos porres de amor,
Que os nervos já nem agüentavam mais a ressaca,
Queria dissecar em bílis... Mas a boca vomitava, e falava:
Blá... blá... blá...
O sangue é da cor do amor – vermelho –
Como dizem por aí nas esquinas...
... As esquinas são o necrotério dos vivos!
O corpo ali parado, sendo cortado, mas querendo ressuscitar...
Via-se que a vida se dera por infinita.
O amor quer lá saber de morte!
E os vivos, querem saber de amor?
Do amor, a carne foi cortada...
Pouco importa! O amor é coisa que tem sangue...
Ondas e ondas... E chuás e chuás!
Mesmo morto eu sentia que estava vivo...