ANATOMIA

De cara na cara perdi minha cabeça.

Meu esôfago ainda exalava o cheiro das chananas!

E meu nariz espirrava... Sem atchim!

Meu coração só fazia bater... Só isso!

Jogava sangue para cima e para e para baixo.

Para que sangue se os rins nada filtram?

O fígado, já da cirrose dos porres de amor,

Que os nervos já nem agüentavam mais a ressaca,

Queria dissecar em bílis... Mas a boca vomitava, e falava:

Blá... blá... blá...

O sangue é da cor do amor – vermelho –

Como dizem por aí nas esquinas...

... As esquinas são o necrotério dos vivos!

O corpo ali parado, sendo cortado, mas querendo ressuscitar...

Via-se que a vida se dera por infinita.

O amor quer lá saber de morte!

E os vivos, querem saber de amor?

Do amor, a carne foi cortada...

Pouco importa! O amor é coisa que tem sangue...

Ondas e ondas... E chuás e chuás!

Mesmo morto eu sentia que estava vivo...

Manel Clélio (Kekel)
Enviado por Manel Clélio (Kekel) em 20/11/2008
Código do texto: T1294104
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