No asfalto da dor*
(Que minha dor dê samba enquanto dure)
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No acordar das manhãs primeiras
Ao sopé das marés de sobrado
Encontrei-te na orla da vida
Em areias de mágoas sorrateiras;
Acordei de meus sonhos delirando
Querendo uma chance esquecida
Mas esqueci que todo desengano
Desconhece rumo de amor perdido;
Resguardo-me ao lenço faceiro
Para o último aceno de adeus,
Vou colhendo mágoas perdidas
Revivendo o sorriso primeiro.
Já não dá pra sonhar em teus braços
Com as mágoas cheirando teu corpo
Peço a deus: perdoe meu orgulho
De negar-me aos teus falsos abraços.
Vou seguir minha estrada sozinho
Esquecendo o passado de dor
Pois atrás de todo desencanto
Vem a sorte de um novo amor.
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Em cada estrada guardo passos
Da procura incessante sem dor
E vou calejando cada instante
Neste asfalto da vida sem amor