Poetar
É preciso calar a voz
para que a alma sobrepuje o corpo
e deixe a emoção falar.
Melhor ainda
é deixar que a fala d’alma
se transforme em cantiga.
Canção de amor ou de protesto,
canção de sonho ou de ninar.
É preciso abrandar as idéias
para que o espírito possa flutuar
e sobrevoe o que é impensável.
Voa, voa, voa...
espírito, voa bem alto
e vem num rasante
desabrochar-se todo
numa queda confortável.
É preciso desarmar os medos
e confessar segredos
e se entregar de vez.
E ser exato para expressar
a palavra certa.
Porque, se não, a palavra foge.
Cessado o sonho...
... não dá mais! Ela fugiu!