Morte à La Carte

Que mais alegra o coração de um homem

Abatido pela vida, resmungando cansado

Por não ter ao seu lado o suave doce da pessoa amada?

Será o beijo da companheira?

Daqueles que aquecem mil geleiras

Que é o cume mais alto da montanha

O cérebro da presa

O buraco negro da alma penada

O que mais me espanta é o que mais me mata

Pois então venha, meu amor, me maltrata!

Continue a gerir minh'alma e a derreter meu coração

Deixe-me percorrer teu corpo

Descobrir teus nomes, tuas esquinas

Deixe-me entender tua sina

Aumentar teu riso

E desabar no abismo da tua ausência...

Quero me enrolar de novo

Esquecer meu rosto

Encharcar tua sede com vontade louca

Renascer profundo

Desistir do mundo

E assim... ver se essa vida passa a ser direita

Ou ao menos mais perfeita

Um pouco mais vivida

Ó, meu amor, me venha por cima!

Suba até o alto

Desça e me cresça

Dos pés a cabeça

Da pedra aos anjos

Do mar ao morro

Quanto mais melhor

Quanto menos, esqueça!

Venha logo ou desapareça

Pois meu coração arde em saudades

E não me venha de conversa

De sorrisos mal-cabidos

Dê-me já a tua boca

Venha logo ou então morra!

Pois senão eu mesmo me mato

Diante desse simples fato

Mas que carrega tanto (!) sentimento

Que causa um belo tormento

Num coração represado