Olhos que tudo vêem:
gestos, olhares, atenções.
Memória que tudo guarda:
momentos, movimentos, intenções.
Boca que muito cala.
Silêncio que muito diz.
Mas o pouco que ela fala, corta
feito ponta de faca amolada,
feito aço de ágil navalha,
dançarina no ar, num segundo,
retalha egos, sangra almas,
querendo sempre, desesperada,
arrancar o mal pela raiz...
Sou eu, me afogando no mundo,
indo ao fundo e voltando,
errante sombra infeliz.