Hoje quando sorrio
um sorriso de hortelã,
o brilho que emito é falso,
alegria oca- alegria vã.
Um dia me deste paz,
amor, me fizeste feliz.
No outro, só um golpe:
cortaste todo o bem pela raiz.
Gostas das minhas cenas,
pensas que já sou feliz.
Ah, sempre tolo, não vês
um palmo à frente do nariz.
Não vês que por dentro sangro,
não vês que por dentro choro,
não vês que por dentro morro
das dores que eu nunca quis.
São marcas de escuros dias,
são nuvens de mágoa e pó.
São sombras que me perseguem
sempre- sem trégua ou dó.
Nem vês que meus olhos são tristes...
Não vês? Não...nem te importas...
Eles estão secos, inertes,
feito as asas de uma borboleta morta.