Brisa da noite

Brisa fresca

Que adentra pela porta

Com o cheiro de flores da noite...

Torna amena a tristeza

Que já não brame um açoite...

Brisa que faz companhia,

Quase um humano suspirar...

Brinca em meus cabelos,

Parece me acariciar,

Me envolver num abraço,

Entre o frio e o terno...

Abraço momentaneo e eterno

Que faz minha pele se arrepiar....

Brisa noturna,

Fresca, amada...

Aragem da madrugada,

Suspiro da noite a transitar...

Nua e solitária,

Na sala abandonada,

Me entrego a tua passagem, gelada...

Carne cálida a estremecer,

Cabeleira rubra a esvoaçar...

Segundos depois vens como uma ventania,

E eu fecho a porta,

Barro tua entrada...

Por mais sozinha que esteja

Prefiro perder o confortante abraço da brisa,

Prefiro a solidão de minha cama quente

Que a tua lembrança...

Lembrança de meu peito a ser arrancada...

Aos poucos, pela brisa fresca...

Não mais te quero, ventania gelada...

Não me refrescas,

Apenas me congelas...

Qual estátua,

Alva e bela,

Fico a beira da cama,

Por alguns segundos parada...

E cerrando os olhos,

Te esqueço,

Ventania gelada,

Ao me entregar ao leito quente...

O que sentia por ti feneceu,

Teu frio roubou o calor de minha emoção...

O calor que, por ti, fazia arder meu coração.

Agora assobias nas minhas janelas,

E eu murmuro:

"Nunca mais..."

Insistente,

Na cumeeira ficas a uivar,

Até que eu abra a janela,

Te dizendo que estou exausta de tanto lamento...

Então te reduzes em potência,

Te transformas em vento

E em meus ouvidos vens assobiar,

Questionas porque meu coração está a congelar,

Depois de ter sido uma supernova

Em calor e grandeza.

E em voz cansada, cheia de certeza,

Digo que, por ti,

Resta apenas uma tristeza...

E leve, somente...

Por isso meu coração parece a ti congelado...

Porque não o podes mais tocar.

E com voz mansa,

Te mando uivar em outro lugar...

Não acredito mais em teus gemidos roucos...

E uivando te vais,

Com a certeza amarga

A te torturar...

A certeza de que

Por culpa de teus atos,

De teu orgulho,

De teus devaneios loucos...

Me deixastes de lado

E eu te esqueci aos poucos,

Definitivamente,

Conforme os tristes e longos dias passaram...

Conforme a brisa da noite teu cheiro para longe estava a levar.

Zannah
Enviado por Zannah em 13/11/2008
Reeditado em 14/11/2008
Código do texto: T1282123
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