Ode ao ódio

Ódio da estrofe

da cadeia dessas sí­labas

do enclausurado ritmo.

Ódio da boca grangrenótica

desses paladares medonhos

dessas rimas tão perfeitas.

(queria ser um poema

captar o instante não instantaneo

sublinhar as cores incolores

navegar amores tão atores

e morrer sem rimar)

Ódio as catequeses cartesianas

de majestrais castrações

de mestres bilaquianos.

Ódio as odes metafísicas

as metaforas metoninecas

as aladas aliterações.

subúrbio roubado de mim

poema

poesia latente...

reticências

soar suando na vértice

do meu triângulo.

Ódio a poesia

Ódio...

Ódio a mim.