LIBERDADE
Um canto bem sutil me banha de ternura
e um som mavioso e belo envolve-me,candente;
mas olhando ao redor,percebo com tortura
que aquela doce voz é às vezes tangente.
Com enorme tristeza e uma imensa amargura,
avisto uma gaiola amarela pendente
e me entristeço ao ver que naquela clausura
um pássaro cantando estava,bem plangente.
Desolada fiquei ao ver tanta ironia,
pois a nós é vedada imensa covardia:
trazer assim sem dó um pássaro trancado.
E porque para nós a vida é liberdade,
pois só ela nos traz total felicidade,
penso logo em remorso ao vê-lo engaiolado.
(Soneto alexandrino)