Chegou o Verão

É inverno em meu habitat, sou um pássaro, por instinto voarei ao sul.

Outros de minha espécie estarão comigo em busca do amor.

É uma luta sangrenta ter que voar esse céu azul,

Sem saber o que lhe espera adiante o sol se pôr.

É eufórico chegar na praia e sentir a agitação da vida incessante,

O sol no horizonte e um barco branco a velejar.

Deixe que o coração fale por você neste instante,

Pois a razão não seria o bastante pra se expressar.

O que era lindo se torna cinza, o céu se fecha.

A hora tão esperada é vinda, a hora da guerra.

É difícil de entender a razão, não tem minha aquiescência,

Voar pensando no amor e deparar com a violência.

As fêmeas com olhar de desprezo pra quem tem o corpo magro,

Pois aparentam ser filhos daquela geração dos mais fracos.

Genética, força e sangue. Elas não se importam com quem ficar,

Desde que seja o que ganhar, pois amor nesta hora é secundário.

Não me importo com sentimentos mundanos, sou ingênuo.

Só queria fazer meu sofrimento atênuo.

Vi então um pássaro pelo qual senti regozijo,

E senti domado meu espírito.

O que eu queria outro também planejava ao seu lado,

Não queria ter seu objetivo frustrado.

Víamos dois corações e um só desejo,

Pois um de nós amargaria desprezo.

Fui adiando a luta até sentir sua dança a me confrontar,

Como Aquiles a Heitor pra guerra chamar.

Gritava forte, pra todos ouvirem, com ar de ironia,

Enfim, todos sabiam que queria arrancar minha vida.

Olhei nos olhos da razão da minha luta, ela simplesmente virou de lado,

Não importava quem pudesse vencer, contando que tivesse lutado.

Tentei achar em mim uma faceta de guerra, me render à esperança,

Mas sou inexperiente, com alma de criança.

O pássaro enorme ataca com fúria tentando fazer o meu fim,

Eu com minha angústia tentando o melhor de mim,

O tempo passando, eu aos poucos ficando fraco, me sentindo mal,

Até que enfim, no meu coração, aplicou um golpe fatal.

Morri vendo meu algoz minha morte desfrutar,

E com sua parceira, orgulhosa por ser ela a razão de me matar.

Fechando meus olhos, a última cena que vi na vida,

Meu algoz e sua parceira, e do sangue a gota fria.

Tasboto
Enviado por Tasboto em 30/10/2008
Reeditado em 18/01/2013
Código do texto: T1256902
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