Recomeço
Remexendo em velhas caixas,
Dou em meu passado várias baixas...
É momento de me desfazer,
De me desprender...
De fardos inúteis me livrar.
Quatro caixas de incompreensão,
Oito volumes de desilusão,
Outros tantos de arrependimentos
E vários sacos de fatos que me fizeram penar.
É hora de deixar isto tudo se ir,
Finalmente passar...
É hora de dar fim a tanto tormento.
Rasguei páginas de dor e lamento
(não todas, mas as que não via porque guardar)
Joguei fora todo sentimento inútil,
Que me sufocava.
Tudo que me prendia,
Tudo que me cansava,
Enfim se foi...
Deixei o lixeiro levar.
Mas apesar de parecer simples,
Não foi fácil recomeçar...
Foram anos de preparação,
Antes de tanta coisa abandonar...
Ficou a saudade do que foi bom,
Do que era ruim, se foi até o lamento.
Tudo o que foi fora,
Eu não vou mais precisar.
É nessa hora que vejo uma face a me mirar...
Tão familiar e,
Ao mesmo tempo,
Tão diferente...
E então percebo que é um espelho,
A refletir-me, sorridente...
E eu me apresento a mim mesma...
Me apresento a essa estranha,
Que sorri no espelho ao me fitar.