O corvo e a oliveira

Um dia pensei que fosses a pomba

Que chegaria a mim, oliveira,

Que esperava triste as águas da desilusão baixar...

Mas eras corvo,

De mim não precisavas...

Te contentavas com qualquer coisa brilhante,

Na água a boiar...

E eu me ergo ao ar,

Carregada de novos sonhos,

Frutos de esperanças nascentes

Que não podes mais tocar...

Que venha então a pomba,

Assim que Noé solta-la...

Em minhas ramagens verdes não encontrará mortalhas,

Apenas vida a vicejar.

E quanto a ti,

Corvo Negro...

Fugistes cedo,

Diante da primeira dificuldade...

De ti, já não guardo saudade...

Por quarenta dias

E quarenta noites

Minhas lágrimas foram meu dilúvio,

Todo feito de sofrimento...

Agora vicejo,

Foi-se o tormento...

Procura uma quinquilharia brilhante

Pra te ocupar.

Zannah
Enviado por Zannah em 22/10/2008
Reeditado em 23/10/2008
Código do texto: T1243019
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.