O corvo e a oliveira
Um dia pensei que fosses a pomba
Que chegaria a mim, oliveira,
Que esperava triste as águas da desilusão baixar...
Mas eras corvo,
De mim não precisavas...
Te contentavas com qualquer coisa brilhante,
Na água a boiar...
E eu me ergo ao ar,
Carregada de novos sonhos,
Frutos de esperanças nascentes
Que não podes mais tocar...
Que venha então a pomba,
Assim que Noé solta-la...
Em minhas ramagens verdes não encontrará mortalhas,
Apenas vida a vicejar.
E quanto a ti,
Corvo Negro...
Fugistes cedo,
Diante da primeira dificuldade...
De ti, já não guardo saudade...
Por quarenta dias
E quarenta noites
Minhas lágrimas foram meu dilúvio,
Todo feito de sofrimento...
Agora vicejo,
Foi-se o tormento...
Procura uma quinquilharia brilhante
Pra te ocupar.