A cigana
Cartas arcanas
Na mesa, espalhadas,
Enquanto a cigana,
De rubros lábios,
Faz suas pulseiras cantar...
A luz mortiça das velas
Reluz nas argolas de ouro,
O cabelo negro,
Qual asa de graúna,
A deslizar...
Ela estende suas mãos,
De pele dourada,
Toca uma carta marcada,
Pelo tempo e pelo lidar...
E murmura,
Desatinados segredos,
Expondo do consulente os medos,
Que ele tenta evitar...
Maldita,
Errante,
Adivinha...
Lendo a sorte por onde passar.
Cofia devagar os cabelos negros,
Brinca com as fitas de seda da blusa,
É usada pelas cartas e as usa,
Para o incerto futuro revelar.