SOLIDÃO 2

Náufraga, oceano não engole nem devolve, raízes flutuam

ante/visão de terror não concebe gritos por mais pungente a dor.

Salmoura entope poros, tatua a pele com algas,

enquanto a garganta arde e coração à deriva mutildo.

Camaleônica, flutua tecendo fim da agonia, ventre molhado,

fúria eclodindo, devagarinho, sem susto,

talvez pensando ser este seu último minuto.

Ceifada é sina e dor, náusea e suor,

debruçada na areia, alheia, escuta um marulhar,

lá no infinito, o mar,

enfim, encontrou seu lugar .