CUMPLICIDADE
CUMPLICIDADE
Vaga música martela meus ouvidos,
quebrando um silêncio que não era de ouro
mas valia cada nota
que deixava de ecoar.
E o relógio buscava a hora presente,
aquele lapso de tempo
enroscado em si mesmo
que ao piscar de olhos...
já não é mais.
Mergulho no vazio pleno
de minhas perguntas
que, de tão abstratas evolam-se no ar.
Por que é mesmo que escrevo?
Por falta de outra coisa ou por um chamado ancestral
que me dita o ritmo das palavras
alheio a suas melodias e abstrações?
Volto ao ponto de partida
e lá está o violino plangente
que nem grita e nem se cala...
a noite deveria ser um tapete
a embalar o beijo das almas.
Na parede, um espelho baço
me sugere cumplicidade.
Basilina Pereira