NA BARRIGA DO MUNDO

Sei que sou transitório, e por isso escrevo nesse momento

Pra que não passe, e para que valha

Cada palavra que eu disser desse lamento

E que cada uma possa cortar a pele como navalha

Para que lhe penetrem meus sentimentos

Eu preciso devorar a vida a cada instante

Então sigo nesse ritmo alucinante

Deferindo minhas frases roubadas do meu peito

E não tem como ser diferente, é desse jeito

Que faço a vida mais emocionante

Eu não vivo todos os dias do mês

Às vezes me mato dentro de mim, pra me encontrar

Do meu sofrimento sou um constante freguês

Mas às vezes pra saber que estou vivo, preciso sangrar

Hoje não tenho o mais belo sorriso no rosto, mas não tenho maldade

Mas sei que não nasci ainda, sinto me gerado na barriga do mundo

Mas hoje estou no meio do caminho, no útero da sociedade

Mas não sei a quem vou puxar, a um lorde ou a um nobre vagabundo