licença poética para um Zé Ninguém
O bonde não passa mais cheio de pernas
As palmeiras daqui, já são melhores que as de lá
O homem já saiu das cavernas
Mas ainda está preso ao seu sonhar
O sangue podre já não é tão nobre
O cavalo de asas se encontra no chão
Lambendo as feridas por sobre as mãos
De um jovem moço, feio e pobre
Os Lusíadas, Maríadas, não faz diferença
Mesmo se soubesse não poderia ler
Inventaram para ele uma Renascença
Um jeito novo de se fazer sofrer
Pai não teve, e mãe não conheceu
Foi fruto de um acaso, somente um acaso
Que depois de uma relação aos pedaços
A ferida que doía e não se sentia, ardeu
Augusto de Castro Alves era o nome do menino
Que deitado em frente à igreja
Ouviu o barulho do sino
Enquanto passava em sua cabeça saudade e tristeza
O corpo estendido, frio e sórdido
Deixava pasmo um um casal de namorados
Que antes se beijavam entrelaçados
Mas que agora se veem mórbidos
Ao assistirem a chacina de mais um qualquer.