licença poética para um Zé Ninguém

O bonde não passa mais cheio de pernas

As palmeiras daqui, já são melhores que as de lá

O homem já saiu das cavernas

Mas ainda está preso ao seu sonhar

O sangue podre já não é tão nobre

O cavalo de asas se encontra no chão

Lambendo as feridas por sobre as mãos

De um jovem moço, feio e pobre

Os Lusíadas, Maríadas, não faz diferença

Mesmo se soubesse não poderia ler

Inventaram para ele uma Renascença

Um jeito novo de se fazer sofrer

Pai não teve, e mãe não conheceu

Foi fruto de um acaso, somente um acaso

Que depois de uma relação aos pedaços

A ferida que doía e não se sentia, ardeu

Augusto de Castro Alves era o nome do menino

Que deitado em frente à igreja

Ouviu o barulho do sino

Enquanto passava em sua cabeça saudade e tristeza

O corpo estendido, frio e sórdido

Deixava pasmo um um casal de namorados

Que antes se beijavam entrelaçados

Mas que agora se veem mórbidos

Ao assistirem a chacina de mais um qualquer.

Temas de Assis
Enviado por Temas de Assis em 13/10/2008
Reeditado em 03/02/2010
Código do texto: T1226626