OS TEUS OLHOS

“... vendo os teus olhos,

o fanal dos olhos teus,

creio que existe um demônio

e creio que existe Deus”.

[Camilo da Paixão Cearense]

Tu me pediste um poema

sobre os olhinhos que tens,

e, então, recorri à pena,

que nunca me impõe desdéns.

Se fui no improviso falho,

pródigo no elogiar-te

serei, porque meu trabalho

é notar obras de arte.

Mistura de mar, sal-gema

e o verde bom dos trigais,

teus olhos são o meu poema,

porém teu “não” mal me faz.

Indescritíveis com tintas,

na verdade, teus olhinhos,

tão lindos, convém que sintas,

resumem rosas e espinhos.

Vê-los é sentir saudade,

e não os ver doi demais;

assim, por comodidade,

quedo-me em ti, que és o cais.

Dois farois, ternura acesa,

do mar com os mistérios tantos,

teus olhos claros, Teresa,

me encantos com seus encantos.

Fort., 13/10/2008

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 13/10/2008
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