O tempo arrasta-me
O tempo arrasta-me…
Em destempero, sem prazo
sem cura…
Eterna a queda, o escuro, o ocaso
Perplexidade dura…
Fica o pêndulo parado
Range polés afogado…
E na espera do meu ser
Rasga-me o ventre assim
Em desconcerto fatal
De tempo negando o fim…
Cumpra-se o tempo…
No alívio da saudade
Larguem-me aves da ausência
Amarras no meu sustento
De mendiga em sofrimento.
No recobro da inocência
Foge-me a idade, a coerência…
Matem-me horas malditas
Que vos quero não querendo
E o tempo só me faz fitas…