A afogada
O rosto estático,
O olhar vazio...
A tez pálida onde adeja o frio,
De quem a morte veio visitar...
Cabelos espalhados,
Em rubro leque...
Espirais de água a neles resvalar...
A expressão ausente,
A boca entreaberta,
As mãos relaxadas,
Ao nada agarrar...
Beleza mórbida a espera,
De quem a descubra
Ao chegar da alvorada,
Se o mar não a arrastar...
Mel e amônia,
Lixa e plumas,
Dor e prazer,
Na carcaça vazia a flutuar...
Existência apagada,
Vida negada...
Assim flutua a afogada...
Ninguém sabe sua história...
E ninguém quer contar.