Argumento

Quem me dera poder te encher da culpa que é só minha
Saber-te menos limpo, puro e não sentir que estou sozinha.
Mas, entregar-te essas culpas, me tornaria vazia
Porque são duras, pesam, me torturam,mas são minhas.

Quem me dera poder te encher do encanto que é só meu
E ver-te lindo e livre dos fardos, e não saber do que é adeus.
Mas, ver-te assim seria vestir-te do que não hás de ser
Porque os encantos são meus e as retinas haveriam de te perder.

Quem me dera não sentir assim, que isto persiste
Essa ansiedade que afugento, este insistente reinvento
De trazer-te em tantas horas em que esbarra a solidão.

Quem me dera não saber, em fim, que é tudo um chiste
Que o destino me provoca, me desloca e eu argumento:
Esse amor é como vento, que me sopra em grades de prisão.