A Morte e o Arcanjo
O Arcanjo se aproxima,
E levemente se inclina,
Para a Morte beijar...
Mas essa bela dama,
Senhora de vasta terra,
Escapa entre seus dedos...
Foge e se encerra,
De modo que suas peles,
Não possam se tocar...
Afinal, a Morte transita entre os mundos,
Conhece o céu, o limbo e o inferno...
É esse o seu lidar.
Conhece o preço de amar um puro Arcanjo,
Que é tão perto e,
Ao mesmo tempo,
Tão longe estar.
As energias que os moldaram,
Em um simples toque,
Poderiam a criação anular...
Por isso a Morte, pálida dama,
Escapa dos braços do Arcanjo,
Renega o beijo inocente,
Afasta a tentação...
Mesmo que isso seja sofrimento sem redenção...
Ela não pode fraquejar.
Ela é uma dama tão austera,
Parece tão insensível e desespera,
Todos aqueles por quem passar...
Morte, uma mulher esplendorosa...
Mas apaixonada por um Arcanjo...
Que não pode amar.
Por isso seu ar sempre triste,
Sua face a esconder sob máscara terrível,
Para se tornar temível,
Não uma pálida e linda mulher a deslizar.
Carregando sua foice de prata em riste,
Esta dama de negro, sempre triste,
Observa ao longe o Arcanjo cantar...
E ele canta...
Por um amor que não pode se realizar.