Historinha
Comprei uma flor assassina
Dessas que te grudam os espinhos
Dessas que te olham de mansinho
Dessas que nunca dizem jamais
E foi em uma tarde de abril
Eu: o homem de outubro
Eu que maio esperava
Para observar junho.
Comprei uma flor assassina
Diziam não perca a oferta.
E hoje a noite é longínqua.
E hoje a flor é incerta.
E hoje –o amanhã do ontem-
Me olha e me compra.
Eu que dizia: não estou à venda.
Eu de olhos abertos:
Aparo com as mãos cortadas:
Meu coração de desertos.