ANTES
De você aparecer eu era nada,
ninguém, vagando nest’ estada.
A lua , no céu, apenas resplandecia
e o sol, ao léu, na minha pele ardia.
De você acontecer, eu atirada
às ondas do tempo, coitada,
um grão aréu, sem autoria,
de déu-em-déu, em agonia.
De você surgir, eu perdida
no sempre igual, sem guarida,
numa fossa abissal e azedia.
De você despontar, eu nem sentia
a dor da esperança tardia:
eu não sabia que você existia...
Antes, eu nem sabia por que vivia !
Lina Meirelles
Rio, 24.09.08