Avesso do EU

Não sei o que queres da vida,
Talvez, nem saibas, ao certo...
Um querer que vira brisa, todo dia...
Que não toma rumo... Que não fica em prumo...

Uma ilusão... sem foco... sem nada...
Apenas alimentar às manhãs... às manhas.
Um gesto amigo, nas horas avessas...
Um beijo ardente, nos dias de artimanhas...

Em equilíbrio, te encontras, agora...
Não precisas mais dos meus risos...
Muito menos do meu choro...
Vou tomar minha vida de outrora... Vou embora.

Sei bem o que é destino-teatro...
A massa, da qual retira o laboro.
Nas veias finas que se recolhe...
Mancha em rodas, o querer que  envolve...

A imagem virou canto... recanto!
Os meus versos pulam da garganta...
Já não sigo os mesmos caminhos de antes...
Aprendizado... Dialógico! Signo... Louco!

Ontem, o vago se abriu em sulcos...
Fez da Terra um vácuo... Flagelo...
Nem nuvens corriam no ar...
Nem as pequeninas olharam-me, em risos...

O dizer-te... eu te amo... em voz clara... Última tentativa...
No afoito desejo de senti-lo... Sonho... Tão plano!
Que jaz, nas cordas vocais...
Que sepulta, nas cordas musicais... Piano...

Hoje, o DEVIR... Avesso e meio...
Lados opostos... Entremeio.
Hoje, a vida se lança... Mansa... Frágil...
No aceitar os fatos... Desejo derradeiro... Barranco!

Nem Baco... Nem Dionísio... Nem cor da fruta desgarrada...
Apenas o agrupar de células escamadas...
Mais nada corre em círculo cardíaco...
Segue os ventos, em disparada...

Minhas palavras se calam, no toque alheio ao teu...
Jaz a semente do fruto...
Jaz as flores do peito...
Presa às correntes do EU.

Ah!... Saudades do adormecer...

07:27