Vaso da ilusão
Maldito é meu coração, carente e poeta...
Que sempre anseia por míseras migalhas de afeto.
Maldito é meu coração, dependente e idiota...
Sempre alumbrado pela falsa beleza do amor,
Beleza que vive se pondo, e indo embora.
Maldito é o delicado e entorpecente véu do querer,
Que se rompe num traço indelével de tormenta.
Maldita é a pureza mentirosa do amor,
Glória jubilosa que degenera em fracasso.
O amor é um lampejo de graça que inebria,
Torrente apaixonada de veneno e angústia,
A vida que outrora me inundava de luz,
E a morte que agora se derrama em meu ser.
O amor é um coro de arcanjos dentro de nós,
Uma estrela a cintilar alegria na alma,
É o começo e o fim de toda paz,
A espera ácida e noturna por quem não vêm,
É a esperança estilhaçada do vaso da ilusão.
Thiago Cardoso Sepriano