Metrópole
Pela janela do apartamento,
Sufocada por tantos outros prédios,
Ela lançou o olhar confuso para fora.
Respirava o ar da metrópole com cuidado e calma.
Tentava separar, ainda nas narinas,
O que lhe entraria nos pulmões.
Era como vinha fazendo com o sentimento que fervilhava
Há algum tempo.
Para que não lhe alcançasse mais fundo n’alma,
Lançava em solo infértil
O que não lhe saía da cabeça(não se sabe se só).
Lá de cima tudo parecia mesmo minúsculo,
Seu único alívio era bebericar um pouco
Da vida que aparecia de relance nos passos apressados,
Nas calçadas e nas varandas tantas.
Seu peito era senão as tantas ruas
Os carros, fumaça, buzina, cachorro.
Cubículo dolorido
No meio da grande cidade.
Aquela con(fusão) entre poesia e amor,
Entre a garoa e a baforada quente da noite,
Buscava um não-sei-quê
De luz viva.
Mas havia somente cimento
(...)
Cidade e cimento
Con(fundir-se)...
Onde andam as mãos que trouxeram tamanha confusão??
Na lida do poema ou recuando a aspereza do que luziu por hora nos lençóis frouxos de tão lindas noites?