Bruma
Não há quem agüente,
Sem que adoeça,
Uma espera qualquer.
Não há milagre que salve
Aquele que perdeu na peste
Das noites de insônia
A graça do riso,
A ternura dos gestos.
Sobra só um restolho vago
Do enlace,
Do afago,
Do afeto.
Pode ser que a delonga do alívio
Faça o peito enraivecer.
A alma tétrica
Se ausentar débil e febril.
Pode ser que tanta falta
Faça com que os dias sejam tragados
Pela bruma densa
Dos que cerram os olhos
E não se permitem respirar
Nunca mais.