Dadaísmo 01

Penso em ti.

Oh, meu amado, que olhos os teus!

Nosso amor é uma mentira que a minha vaidade quer.

Entre mim e ti há tanto céu e tanto mar!

Nada vai me fazer desistir do amor:

Um amor com sabor de fruta mordida.

Eu escrevi na fria areia um nome para amar;

Eu pensei que fosse meu o calor do teu corpo.

Faço promessas malucas tão curtas quanto um sonho bom.

És o luar e ao mesmo tempo luz e mistério.

A saudade bateu foi que nem maré;

Meu coração praia deserta,

Meu coração de poeta projeta-me em tal solidão. . .

Este louco e desmedido amor

É loucura do coração.

Oh, meu amor, estamos condenados!

Eu penso em mim, eu choro por nós.

Nada vai me fazer desistir do amor:

O meu destino é caminhar assim. . . .

Pudesse eu ter a rota certa que me levasse até dentro de ti!

Oh, meu grande bem, pudesse eu ver a estrada!

Como encontrar a chave desse teu riso sério?

Deixa eu te proteger do mal, do medo e da chuva;

Deixa eu ser teu pão, ser tua comida,

Todo amor que houver nesta vida . . .

O amor deve ser qualquer coisa que eu não saiba.

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo,

Quero ficar em teu corpo feito tatuagem.

Eu te recriei só para o meu prazer:

Tiro a roupa para ti, minha maior ficção de amor;

Eu te quero para o meu prazer,

Quero te navegar,

Quero naufragar de prazer dentro de ti.

Oh, meu amor, estamos condenados. . .

Oliveira