Noite de insônia
Uma insônia desmedida, enorme, do tamanho da noite . . .
Uma confusão quieta paralisa-me a vontade para a ação;
A noite caminha a passos largos silenciosa e enigmática . . .
Ouço o sutil farfalhar de suas vestes em contacto
Com os paralelepípedos da longa avenida de gás néon,
Ao longe, sua gargalhada estilhaça os cristais lapidados do silêncio,
Seu eco chega-me aos ouvidos quase imperceptível . . .
Não durmo.
Sou um imenso e profundo lago de água metálica sob o luar;
Minha mente é um carro em alta velocidade
Numa estrada sinuosa . . .
Quisera poder desligar-me da realidade,
Esquecer-me de mim,
Mergulhar nas águas profundas do sono,
Penetrar no labirinto dos sonhos,
Perder-me de mim
Por entre uma confusão de imagens desconexas
E deixar-me levar etéreo até chegar ao pórtico
Que se abre para as terras do não-ser . . .
Oliveira